Perguntas e respostas

Perguntas e respostas

FAQ´S

Esta página pretende dar resposta as dúvidas e ambiguidades sobre a Santeria, que vão surgindo na leitura dos diversos textos neste website.

  1. O que é Santeria?

Santeria é uma religião afro-cubana referente ao culto dos yorubás, que tem como devoção os diversos orichas do panteão. É uma expressão usada para quem dedicava-se ao culto dos orichas, mas usado de uma forma depreciativa por parte da população branca e católica, a todos os africanos.

Chegou a Cuba na segunda metade do século XVIII, através dos escravos, e permaneceu com a sabedoria e cultura das raízes africanas das diversas tribos da Nigéria. É considerada uma religião animista, pois a religião adora diversas divindades, e os seus rituais vem do xamanismo e paganismo.

  1. Quem são os Yorubás?

Os Yorubás são o povo africano, localizado no sudoeste da Nigéria, na região fronteiriça com a atual República do Benim, Togo e Gana, na África Ocidental. Os Yorubás eram divididos pelas diversas tribos ao longo do rio Benue, e adoravam mais de 400 divindades.

  1. Qual é a base da sua crença religiosa?

Tem uma religião animista africana, pela crença que todo o ser humano é acompanhado por um espírito protetor ou obsessor, baseia-se numa religião monoteísta que reconhece um único Deus criador de tudo o que existe, e que possui práticas religiosas na base dos orichas e egguns, que são vistos como guias protetores.

  1. O que é a expressão Oloddumare ou Olofin?

Olorun significa os céus, e é visto como uma divindade como o sol, na qual Oloddumare é a divindade da criação humana e terrena, considerado o Deus Todo-Poderoso, também tendo o nome de Olofin. Todas estas designações são as tendências diferentes de uma divindade que estão integradas numa única entidade suprema.

  1. O que são os orichas?

São mensageiros ou divindades mágicas, com energias superiores que governam os destinos do ser humano, que possuem a faculdade de ajudarem a evoluir espiritualmente, na qual transcendem as nossas faculdades sensoriais, e são intermediários de Oloddumaré.

  1. Quem são os Santeros?

São pessoas consagradas que foram iniciados e selaram um pacto profundo com os seus orichas, sendo homens e mulheres autorizadas a utilizar o oráculo "Diloggún" para estabelecer a comunicação entre os orichas da pessoa a ser consultada, e os egguns, ou seja, os antepassados familiares já falecidos.

  1. O que é um Babalawo?

A regra de Ocha ou Santeria estão interligados com Orunla e Orúnmila em Ifá. Os Babalawos têm uma consagração de Orúnmila, e possuem a "Mão de Orula", também designado como “Ico-fá” para a mulher e “Awo-faca” para homem. Orula é a divindade dos Santeros, e as várias divindades consagradas em Ocha dos afilhados. Os Babalawos reúnem-se em conselho a fim de apresentar as previsões da Orúnmila em cada ano, de forma a prever acontecimentos futuros para o país e o mundo. São considerados os sacerdotes da religião yorubá.

  1. O que são os cauris na religião Yorubá?

Os cauris fazem parte da oricha Yemanjá, e são utilizados num oráculo de Ocha, que tem o nome de "Diloggún", um sistema numérico de “oddus” interligado com as suas histórias, também designados por “Patakies” que estabelecem uma relação entre os factos narrados e os problemas que a pessoa consultada possa ter neste momento.

  1. O que é o oráculo Ifá?

O oráculo através do qual o Babalawo comunica com Orula e as divindades do panteão yorubá, personificando a sabedoria e a possibilidade de influenciar o destino do crente, e utilizam a cadeia “ékuele”, e a tábua de Ifá com “ikines”.

  1. Quantos orichas existem na religião Yorubá?

Mais de 400 divindades pertencem ao panteão Yorubá e nas suas crenças milenares, no entanto, hoje somente 16 orichas são adorados e sobreviveram até aos dias de hoje, dadas as características de cada ritual.

  1. O que se pode obter através da Santeria?

Quando é deparada com uma doença complexa, ou incurável, um ciclo interminável de problemas ou histórias repetidas, anos de azares e bloqueios, da necessidade de evolução espiritual ou de ligações espirituais deixadas pelos nossos antepassados que não completaram a sua evolução, o oricha pode prolongar a sua vida, dar-lhe saúde, estabilidade e firmeza nesta caminhada.

  1. O que é ebbó ou addimú?

É uma das fórmulas através de rituais específicos que o oricha ou eggun indicam, para se livrar do negativo que é anunciado na consulta, e pode representa ofertas simbólicas como uma vela com uma determinada cor, ou orações e comida de forma a apaziguar a parte espiritual em desequilíbrio da pessoa.

  1. Quem pode fazer um ebbó ou addimú?

Segundo as regras de ocha, somente os Santeros ou Babalawos podem realizar as cerimónias indicadas nos oddus, pois serão eles os conhecedores dos diversos rituais aconselhados pelos orichas, através dos oráculos divinatórios.

  1. O que é uma pessoa iniciada na religião yorubá?

Chama-se Iwóro, pois teve uma iniciação de ocha, onde recebeu os chamados "Ilekes", ou seja, colares consagrados aos cinco oricha mais importantes dom panteão yorubá, que são Elegwuá, Obatalá, Ochún, Changó e Yemayá. São cerimónias complexas que iniciam a pessoa num método ancestral, e só podem ser feitos após terem sido indicados numa consulta de Dilloggun por um Santero. Os Babalawo, pode receber o Iddé de Orula, e também recebe a sua mão de Orula, onde será indicado no seu Itá, que determina quem são os seus orichas regentes.

  1. O que significa "tornar-se um santo"?

Kari-Ocha ou “Fazer Santo” é a cerimónia mais importante da religião Yorubá, que consiste numa iniciação complexa e longa para consagrar o seu oricha regente. A partir daí a pessoa consagrada torna-se Iyawó, ou seja, um iniciado jovem da religião e durante um ano deve seguir regras e normas estabelecidas na sua iniciação. Após isso torna-se Iwóro, que é chamado de “Babalosha” para o homem, ou “Iyalosha” para a mulher, e no último passo Oriaté, como “chefe de cerimónias”.

  1. Porque é que as pessoas “fazem santo”?

“Fazer santo” depende de várias circunstâncias da vida, por exemplo pode ser para a saúde, como devoção, para a estabilidade geral da vida, para evitar grandes perigos futuros, para proteção ou evolução espiritual. Esse passo será uma significativa mudança de vida para melhor, e um aumento de qualidade na vida do iniciado.

  1. Quem determina se uma pessoa deve “fazer santo”?

Essa determinação é feita por Olofi, e os orichas, sempre através dos oráculos divinatórios da religião, principalmente o “Dilloggun”.

  1. Os orichas são os mesmos que os santos católicos?

Claro que não, isso é totalmente falso e contraditório. Quando falamos da palavra santo, foi o sincretismo utilizado pelos escravos yorubás para se protegerem a si próprios, e aos seus costumes religiosos do colonizador. Depois tornou-se um costume chamar aos orichas pelos nomes de santos católicos, para poderem fazer o seu culto sem serem molestados, mas obviamente não estamos a falar das mesmas divindades.

  1. Pode-se dizer que Santeria é o mesmo que o Espiritismo?

Claro que não, apesar de haver algumas familiaridades, a Santeria é uma doutrina anticlerical cuja filosofia e liturgia tem permanecido hermética com regras específicas, enquanto que o espiritismo se baseia na comunicação com entidades e espíritos e é basicamente uma comunicação usando incorporações, sessões espiritistas, velas e amuletos. Duas formas diferentes de comunicação.

  1. Os colares do oricha podem ser colocados por um espiritualista?

Não, os colares que representam os orichas só podem ser colocados por aqueles que são consagrados na regra de ocha, ou seja, por Santeros ou Olorichas consagrados.

  1. Em Santeria falam de Eggun, a quem se referem?

Os yorubás chamam de “eggun” ou espírito ancestral, a todos os mortos que estejam de alguma forma ligados à pessoa, seja para ajudar, ou criando o caos na sua vida. Na prática religiosa yorubá é essencial prestar homenagem aos mortos antes de iniciar qualquer cerimónia, pois eles são os grandes responsáveis pela boa sorte na vida.

  1. O que é a “boveda espiritual”?

A “boveda” espiritual, ou seja, a sessão espiritual é um lugar onde se presta homenagem aos antepassados e aos espíritos-guias da pessoa. É basicamente constituída por uma mesa com copos com água e ali são colocadas ofertas aos Egguns tais como, flores, frutas, mel, licor, tabaco, velas, comida caseira, doces, etc.

  1. O que são os tambores “Batá”?

São os tambores de fundação sagrada que são usados para homenagear os orichas em determinadas cerimónias, principalmente a de Changó. Apresentar-se perante o “Batá” é um assunto sério e sagrado e há três “Batas” o de Iyá, Itotéle e Okónkolo.

  1. Quem é Añá?

Añá é uma divindade que vive dentro do tambor “Batá”, e está encarregada de canalizar a mensagem emitida pelos sons do tambor aos orichas. A primeira apresentação da pessoa consagrada em frente de Añá, já representa a sua confirmação e depois o som de cada batida é direcionada a um determinado oricha. O nome dado aos músicos que tocam os tambores “Batá” são chamados de Omoalaña, o que significa "filho de Añá".

  1. Pode um Santero casar-se na Igreja Católica?

Sim, claro. A Santeria é um exemplo de dupla religiosidade, está aberto a doutrinas que exaltam a figura de Deus e ambas as religiões são aceites pela maioria dos crentes yorubás.

  1. Uma pessoa não consagrada pode usar os oráculos divinatórios da religião yorubá?

Nem pensar, pois as reflexões e previsões precisas do oráculo do Diloggún são reservadas exclusivamente aos Iwóros, Olorichas e Babalawos consagrados pela religião.

  1. O que é a “Idefa” de Orula?

É uma pulseira feita de contas verdes e amarelas que é colocada no pulso esquerdo de quem dela necessita. Simboliza o pacto que a Orula fez com a morte para que respeite a vida das pessoas que a usam, até que Oloddumare determine quem deve deixar o plano terrestre. A “Idefa” de Orula só deve ser colocada pelos Babalawos, uma vez que são sacerdotes consagrados a Orunmila.

  1. Uma pessoa pode fazer ofertas ao oricha sem ser um santero?

Sim, ele pode. Não é necessário ser consagrado para prestar tributo às divindades yorubás, pois, não há templos públicos. Para isso é preciso conhecer um Iwóro para entrar na sua casa de santo, também conhecido como "Ilé de oricha", onde por sua vez se encontra a sala "Igbodú" onde vivem as divindades.

  1. Posso prestar-lhes um tributo aos orichas fora de casa?

Também pode invocar as divindades em certos lugares, por exemplo, Elegguá num cruzamento, Obatalá num lugar da natureza, Yemanjá no mar, Changó numa montanha ou palmeira real, Oyá no cemitério, Ochún num rio, e assim por diante.

  1. Existe diferenças na prática da Santeria noutras partes do mundo?

A Santeria é um termo derivado da palavra Santero, que significa, “fazedor de santos” ou os praticantes africanos que vieram escravos para Cuba e Venezuela que praticavam a Santeria. Muitas vezes conhecido como a regra de Ocha, existe no Brasil, Argentina, Paraguai e Equador, linhagens desta religião, que foram adaptadas aos diversos países. Hoje temos a Umbanda, Candomblé, Batuke, Macumba, Vudu que são outros ramos que têm raízes nos orichas e nas divindades ligados ao sincretismo africano.

  1. Na Santeria pode-se ajudar uma pessoa após a morte?

A regra ocha e de Ifá implica autodisciplina e uma educação dos sentidos paranormais que leva à clarividência. A morte representa simplesmente o fim do corpo físico, mas o desprendimento do espírito impercetível aos nossos sentidos precisa de atenção para a sua reencarnação, por isso as atenções diárias e cerimónias mais profundas podem ajudar o processo evolutivo da alma.

  1. Pode um santero consagrar os membros da sua própria família?

Sim é possível, e só não é recomendado fazer cerimónias diretamente a membros se houver algum impedimento no seu itá. Caso tenha o necessário conhecimento, pode dar início a consagração de familiares e membros próximos de si, pois dessa forma une a família em torno de uma religião animista, que a base do crescimento pessoal e espiritual é a família.

  1. Após a consagração, pode um santero retirar-se da sua fé?

A pessoa pode abandonar a religião se assim o decidir, mas é importante saber que não pode abandonar o seu oricha, já que a cerimónia de Kari Ocha não pode ser apagada da sua vida. Em caso de perda da sua fé, aconselho vivamente a manter-se ligado ao seu oricha regente, para manter a sua experiência nesta vida. Abandonar o seu oricha, seria romper um laço espiritual que fez na sua iniciação, o que levaria a cada ato seu a uma consequência. Em caso da morte do praticante, existe uma cerimónia chamada de “Ituto” que significa desprendimento e elevação do espírito. Para quem tenha família religiosa católica ou outra, é preciso sempre realizar esta cerimónia de desprendimento, a fim de alcançar a paz no céu.

 

 

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