Orichá Inle é uma divindade multifacetada no panteão Iorubá, detentor de virtudes de cura e adivinhação, comparáveis a um Babalawo (embora não o fosse). Ele é um médico, pescador e caçador, muito apreciado pelos outros Orichás pelas suas qualidades.
I. A Busca pela Sabedoria e a Traição Amorosa
A história de Inle é inseparável da sua paixão pela sereia que o visitou enquanto pescava, a qual se revelou ser Yemanjá.
-
Amor à Primeira Vista: Encantado pela beleza radiante de Yemanjá, Inle aceitou imediatamente visitá-la "até ao fim do mundo".
-
O Conhecimento Secreto: Yemanjá levou Inle às profundezas do oceano, onde estavam a Sua casa e os Seus imensos tesouros, e o ensinou a arte da sabedoria e da adivinhação. Inle tornou-se o único humano (ou Orichá) a conhecer os segredos e riquezas de Yemanjá.
-
O Dilema da Confiança: O conhecimento dos segredos de Yemanjá por Inle gerou desconfiança na Deusa.
-
A Traição: Para garantir que Inle não revelasse os Seus mistérios sem o matar, Yemanjá elaborou um plano para cortar a sua língua. Este evento é narrado no oddun (signo de Ifá) 4-14.
II. Implicações Rituais e a Mudez de Inle
A perda da língua de Inle tem consequências diretas na forma como Ele é cultuado e consultado:
-
Iniciação Indireta: Devido à Sua mudez mitológica, Inle não é feito diretamente. A iniciação é feita "com Oro com Yemanjá", pois ela fala por Ele.
-
Comunicação na Adivinhação: Inle não pode falar nos búzios (Diloggun). É Yemanjá quem fala por Ele durante as consultas.
-
Firma Ritual: Em cerimónias de iniciação de santo, a firma (sinal/desenho ritual) de Inle é pintada no chão, e a de Yemanjá é pintada na cabeça do iniciado.
